Vamos nessa queridos!
Com a ajuda do livro “Sociedade em Construção” estudamos a
situação de populações africanas trazidas para o Brasil. Vamos relembrar?
Desde o 6º ano aprendemos que os seres humanos surgiram na
África, e de lá se espalharam para os outros continentes. Mas é importante
ressaltar que nem todos os seres humanos saíram da África: muitos ficaram lá. A
África hoje é um continente com vários países, mas nem sempre foi assim.
Antigamente era um continente com vário reinos, e cada um deles tinha uma
organização diferente, uma religião diferente, um idioma diferente... Incrível,
né!
Dentre os principais reinos africanos podemos destacar os
reinos de Axum, o povo Berbere, os Bantos, o Império de Gana, o reino núbio...
Mas apesar de todos esses reinos, a gente só estuda o Egito no 6º ano, já
repararam? É que o Egito é uma parte da África onde as pessoas têm pele branca.
Que absurdo!
Enfim, por volta do século XV, os europeus passaram a ter
contato com os africanos, principalmente porque eles estavam tentando descobrir
um novo caminho para chegar às Índias sem passar pelo território dos turcos
(veja a AULA 3 do 6º ano). Essa viagem até as Índias pelo mar era muito longa,
e os europeus ainda estavam descobrindo o caminho certo (não tinha GPS né
galera!). Então, eles faziam várias paradas no litoral do continente africano,
e assim passaram a conhecer esses povos que já citei.
Esses povos brigavam entre si, faziam guerras mesmo. E
quando um povo perdia, virava escravo do povo que ganhava. Quando os europeus,
como os portugueses passaram a ter contato com esse pessoal, começou a haver um
comércio desses escravos. Prestem atenção: a escravidão começava dentro da
África!
A viagem desses escravos para o Brasil era muito sofrida:
sem higiene nenhuma, num aperto, com agressões físicas, além da humilhação
mesmo. Quando chegavam aqui, eram vendidos para os fazendeiros como se fossem
uma mercadoria mesmo. E o trabalho era duro: muitas vezes no sol, muitas horas
por dia, sem qualquer tipo de benefício e ainda com muitos castigos físicos,
como chibatadas.
Muitos escravos resistiam bravamente a essa situação:
lutavam, fugiam, suicidavam... Muitas lutas de escravos ficaram famosas no
Brasil, como a Revolta dos Malês e a Revolta Felipe dos Santos. Os escravos que
conseguiam fugir se escondiam em quilombos (como uma aldeia). Pessoas brancas e
pobres, além de indígenas também viviam nesses quilombos. O principal Quilombo
do Brasil ficou conhecido como Quilombo dos Palmares, e o principal líder de
escravos fugidos ficou conhecido como Zumbi. Ele morreu no dia 20 de novembro
de 1695, e até hoje sua morte é lembrada como o Dia da Consciência Negra – uma
tentativa de combater o preconceito racial no Brasil.
Durante muito tempo os portugueses fizeram esse comércio de
escravos, que vinham da África para o Brasil. Mas durante o século XIX a
Inglaterra passou a combater a escravidão no mundo inteiro. Ela era boazinha?
Nada disso: ela tinha se industrializado! Lembrando: indústria é quando eu
produzo alguma coisa de um jeito rápido, pra poder vender mais e ter mais
lucro. Mas se eu produzo mais, e quero vender mais, eu preciso de gente pra comprar.
Escravo tem salário? Não! Então vamos libertar os escravos, assim eles terão
que trabalhar para viver, vão receber um salário e irão gastar esse salário
comprando nossos produtos. Entenderam?
D. Pedro II, imperador do Brasil nessa época, ficou num dilema:
não poderiam desobedecer a Inglaterra porque estávamos endividados com ela. Mas
se libertasse os escravos, quem iria trabalhar nas fazendas de café? Ele
começou então a fazer leis para impressionar os ingleses e mostrar a disposição
do Brasil em libertar os escravos. Dentre essas leis “pra inglês ver” estava a
Lei Eusébio de Queiroz – que proibia o tráfico de escravos da África para o
Brasil. Não adiantou muito porque a partir daí se fortaleceu um tráfico
interprovincial (entre as províncias), ou seja: vendia-se escravos que já
estavam no nosso país. Outra lei criada nessa época foi a Lei do Ventre Livre,
que libertava filhos de escravas – o que também não adiantou muito porque a mãe
não poderia largar seu bebê pra fora da fazenda e dizer “Vai, meu filho, seja
livre!”. Um último exemplo é a Lei dos Sexagenários, que libertava escravos
maiores de 60 anos – essa foi a pior de todas: vocês acham que os escravos
vinham da África com RG e Certidão de Nascimento? Então como saber a idade
deles? Essa lei ainda trouxe problemas: escravos aparentemente envelhecidos que
não rendiam tanto no trabalho, ou doentes, foram libertados/abandonados sendo
considerados sexagenário... Fala sério!
Todas essas leis, e várias outras não acabaram com a
escravidão de uma hora pra outra, mas diminuíram e prejudicaram o sistema
escravista no Brasil. Em 1888 não teve jeito: foi assinada a Lei Áurea que
libertava os escravos de uma vez por todas! Na próxima aula veremos como os
cafeicultores vão se virar sem os escravos para trabalhar em suas fazendas...
Até lá!
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