2 de setembro de 2015

8º ano / 2015 – AULA 9 “Revoluções na Europa do século XIX”



E aí, minha gente: que confusões no Brasil, hein! Nesta aula veremos que a Europa também estava bem confusa... Vamos nessa!

Depois da Revolução Francesa (1789) e do governo de Napoleão Bonaparte na França, as coisa mudaram um pouco:

* O Antigo Regime (aquele jeito antigo de viver: nobreza, clero e camponeses) deixou de existir;

* Alguns camponeses passaram a se dedicar ao comércio e até enriqueceram por isso, passando a serem chamados de burgueses;

* Esses burgueses, que queriam vender cada vez mais, passaram a inventar formas de produzir cada vez mais (Revolução Industrial);

* Os países e territórios invadidos por Napoleão passaram a se unir mais para se proteger.

Todas essas transformações permitiram que a Itália e a Alemanha, por exemplo, que eram apenas territórios dominados por outros países e por senhores feudais, se juntassem e passassem a ser um país.

Outra coisa interessante foi o surgimento das cidades e da vida urbana: os burgueses inventaram máquinas que produziam mais que os seres humanos, mas essas máquinas tinham que ficar em locais apropriados devido ao seu tamanho e ao seu funcionamento. Esses locais apropriados são chamados de fábricas. Os camponeses que restaram passaram a trabalhar nas fábricas dos burgueses, mas eles moravam longe. Por isso nesse período, muitos camponeses saíram dos campos para morar mais perto das fábricas. Essas moradias em volta das fábricas deram origem ao que chamamos de CIDADE. Essa mudança de moradia também tem um nome: MIGRAÇÃO.

Os burgueses também alcançaram outra conquista: conseguiram liberdade para fazer seu comércio, inclusive com outros países, tendo cada vez lucro. Essa liberdade de comercializar sem o governo chama-se LIBERALISMO.

O problema é que os trabalhadores das fábricas, chamados de OPERÁRIOS, estavam sendo cada vez mais explorados pelos burgueses. Isso fez com que várias revoltas e idéias surgissem nesse período. O ano de 1948, por exemplo, foi o ano em que mais havia revoltas por toda a Europa.

Entre as idéias que surgiram destacamos:

* SOCIALISMO UTÓPICO – um grupo de pensadores que acreditava que o lucro do comércio e das fábricas deveria ser dividido com os operários, mas quem faria essa divisão seriam os donos das fábricas. Vocês acham que os donos iam querer isso? Claro que não! Por isso é utópico: utopia significa algo que nunca vai acontecer, ou que muito dificilmente vai acontecer.

* SOCIALISMO CIENTÍFICO – um grupo de pensadores que acreditava que o lucro do comércio e das fábricas deveria ser dividido com os operários, mas quem faria essa divisão seriam os próprios operários, através de uma revolução e manifestações, como protestos e greves. Um cara muito famoso que defendia essas idéias chamava-se KARL MARX (na tarefa vocês vão pesquisar sobre ele!).

* ANARQUISMO – havia ainda um grupo mais revolucionário, que acreditava que o povo deveria se organizar sem o governo. Eram os anarquistas, que queriam a ausência do Estado.

Mas todas essas idéias foram vencidas pelo CAPITALISMO: política econômica que CONCENTRA as riquezas nas mãos de poucos, ou seja, nas mãos dos donos das fábricas. Em alguns país do mundo podemos observar uma tentativa de socialismo, como na China e em Cuba, mas a maior parte dos países do mundo hoje são capitalistas.

Além de todos esses problemas econômicos, a sociedade também passava por transformações. Com tantos produtos fabricados para serem consumidos, as pessoas passaram a questionar a própria existência, o prazer e até a religião.

Começou uma coisa chamada SECULARIZAÇÃO, que é a separação da religião e do governo. Com tanto desenvolvimento tecnológico nas fábricas, as pessoas passaram a estudar mais, e perceberam que, apesar da vontade de Deus, as coisas poderiam ser explicadas pela CIÊNCIA. Um grande cara que estudou muito nessa época foi CHARLES DARWIN (você também vão pesquisar sobre ele na tarefa!).

Na próxima aula veremos o que estava acontecendo nos EUA durante esse período que estamos estudando... Espero vocês!

8º ano / 3º bimestre – AULA 8 “Período Regencial”



Olá queridos!

Na última aula falamos sobre o governo de D. Pedro I, que conseguiu tornar um Brasil num país independente de Portugal, apesar dele mesmo ser português. Ele criou uma constituição (conjunto de leis) para nós, mas nessa constituição ele é que mandava. Depois de algum tempo, em 1831, morreu o pai de D. Pedro I, rei de Portugal. E agora?

D. Pedro I acabou indo pra Portugal assumir o trono para não perder o poder. Mas e o Brasil? Ele deixou o filho dele, D. Pedro II, governando o Brasil. Detalhe: o menino tinha 5 anos de idade!!!!!

Como uma criança pode governar um país?

Enquanto o menino não atingisse a maioridade, que na época era de 21 anos, quem governaria o país seriam os políticos da época. Esses governantes passaram a ser chamados de REGENTES (de reger mesmo, tipo administrar).

A princípio, o país foi governado por 3 regentes. Esse período ficou conhecido como Regência Trina Provisória, porque o objetivo era que eles governassem por pouco tempo: só até os políticos votarem nos regentes permanentes, que foi o que aconteceu. Mas esses políticos não eram um grupo muito unido.

Como vimos na outra aula, havia 3 grupos principais de políticos no Brasil Os PORTUGUESES, que viraram RESTAURADORES e depois deixaram de existir porque o Brasil nunca mais voltaria para o domínio de Portugal; os MONARQUISTAS, que depois viraram LIBERAIS MODERADOS, mais tarde GRUPO REGRESSISTA e finalmente PARTIDO CONSERVADOR; e os REPUBLICANOS que depois viraram LIBERAIS EXALTADOS, mais tarde GRUPO PROGRESSISTA e finalmente PARTIDO LIBERAL.

Esse desencontro entre os próprio políticos se refletia na população brasileira: por todo o país surgiam revoltas contra atitudes do governo. Os regentes tentaram, então, medidas liberais, dando poderes aos chefes de cada região: criou-se a Guarda Nacional (pra proteger as grandes propriedades de terra) e o cargo de Juiz de Paz (para julgar problemas locais). Isso deu muito poder aos fazendeiros, que passaram a ser chamados de CORONÉIS (como a gente vê nas novelas!).

Mas essas medidas do governo não deram certo. As revoltas continuavam e finalmente eles decidiram acabar com a Regência Trina e o país passou a ser governado por uma Regência Uma (um só cara no comando). Esse cara foi o padre Diogo Antônio Feijó. Só que o Feijó era meio ‘fora da casinha’, e em 1836 acabou renunciando. Quem assumiu o governo foi Araújo Lima (um político que era senhor de engenhos).

Apesar de todas as tentativas, o Brasil seguia com revoltas, e os políticos decidiram então colocar logo D. Pedro I para governar. Assinaram uma lei diminuindo a maioridade de 21 para 14 anos de idade. E em 1840, D. Pedro II se tornou Imperador do Brasil, com 14 anos de idade. Esse episódio ficou conhecido como Golpe da Maioridade.

Abaixo segue um resumos das revoltas do período regencial.

Na próxima aula veremos que todas essas revoltas do Brasil tiveram aliados importantes: as revoltas que estavam acontecendo na Europa nesse mesmo período. Até lá!




CABANAGEM (1835-1840)
A questão da autonomia política foi, desde a independência, a grande força motriz motivadora de diversos conflitos e revoltas no Brasil. Na província do Pará, a péssima condição de vida das camadas mais baixas da população e a insatisfação das elites locais representavam a crise de legitimidade sofrida pelos representantes locais do poder imperial. Além disso, a relação conflituosa entre os paraenses e os comerciantes portugueses acentuava outro aspecto da tensão socioeconômica da região.
A abdicação de Dom Pedro I e ascensão do governo regencial estabeleceram a deflagração de um movimento iniciado em 1832. Naquele ano, um grupo armado impediu a posse do governador nomeado pela regência e exigia a expulsão dos comerciantes portugueses da província. No ano seguinte, Bernardo Lobo de Sousa, novo governador nomeado, administrou o Pará de maneira opressiva e autoritária. Desta maneira, abriam-se tensões e a possibilidade de uma nova revolta provincial.
Em 1835, um motim organizado pelo fazendeiro Félix Clemente Malcher e Francisco Vinagre prendeu e executou o governador Bernardo Lobo de Sousa. Os rebelados, também chamados de cabanos, instalaram um novo governo controlado por Malcher. Francisco Vinagre, líder das tropas do novo governo, se desentendeu com o novo governador. Aproveitando de seu controle sobre as forças militares, tentou tomar o governo, mas foi preso pelo governador. Em resposta, Antônio Vinagre, irmão de Francisco, assassinou Félix Clemente Malcher e colocou Francisco Vinagre na liderança do novo governo.
Nessa nova etapa, Eduardo Angelim, líder popular, ascendia entre os revoltosos. A saída das elites do movimento causou o enfraquecimento da revolta. Tentando aproveitar desta situação, as autoridades imperiais enviaram o almirante britânico John Taylor, que retomou o controle sobre Belém, capital da província. No entanto, a ampla adesão popular do movimento não se submeteu à vitória imperial. Um exército de 3 mil homens liderados por Angelim retomou a capital e proclamou um governo republicano independente.
O governo, agora controlado por Angelim, abria possibilidades para a resolução dos problemas sociais e econômicos que afligiam as camadas populares. No entanto, a falta de apoio político de outras províncias e a carestia de recursos prejudicou a estabilidade da república popular. Sucessivas investidas militares imperiais foram enfraquecendo o movimento cabano. Em 1836, Eduardo Angelim foi capturado pelas autoridades do governo imperial.
Entre 1837 e 1840, os conflitos no interior foram controlados. Diversas batalhas fizeram com que este movimento ficasse marcado por sua violência. Estima-se que mais de 30 mil pessoas foram mortas. Dessa maneira, a Cabanagem encerrou a única revolta regencial onde os populares conseguiram, mesmo que por um breve período, sustentar um movimento de oposição ao governo.
Por Rainer Sousa - Graduado em História

BALAIADA (1838-1841)
Nas obras que tratam dos primeiros anos da independência política do Brasil, muitos historiadores dão especial destaque ao fato de que os privilégios e desmandos que marcavam o passado colonial não foram superados com o estabelecimento da independência do país. Um dos casos em que tal perspectiva é ainda mais evidente encontra-se na revolta da Balaiada, ocorrida em 1838, no Maranhão.
No século XIX, a economia maranhense atravessou uma forte crise, em grande parte decorrente da concorrência do algodão norte-americano no mercado internacional. Além disso, o estabelecimento da Lei dos Prefeitos – que concedia ao governador o privilégio de nomear os prefeitos municipais – causou outro tipo de atrito onde o mandonismo político acirrou as relações do povo com as instituições governamentais.
Dessa forma, podemos ver que a presença de três líderes nessa revolta, que muito bem representou a situação política ali vivida, impulsionou diversos focos de tensão. Raimundo Gomes, um dos primeiros líderes da revolta, mobilizou um grupo de escravos, vaqueiros e artesãos logo depois de libertar um grupo de vaqueiros aprisionados em Vila da Manga, a mando de um opositor político do patrão daqueles mesmos trabalhadores.
O artesão Manoel dos Anjos Ferreira, conhecido como Balaio, começou a lutar contras as autoridades provinciais depois de acusar o oficial Antônio Raymundo Guimarães de ter abusado sexualmente de suas filhas. Após conquistar vários adeptos, os revoltosos conseguiram controlar a cidade de Caxias, um dos maiores centro comerciais da época. A natureza popular desse movimento em muito ameaçou a estabilidade dos privilégios econômicos daqueles que detinham o poder na época.
Naquele mesmo ano, o negro Cosme Bento de Chagas, contou com o apoio de, aproximadamente, 3 mil escravos fugidos. O grande número de negros envolvidos na revolta deu traços raciais à questão da desigualdade ali colocada. Em resposta aos levantes, o coronel Luis Alves de Lima e Silva foi nomeado para controlar a tensa situação da província.
Em 1841, com farto armamento e um grupo de 8 mil homens, Luis Alves obteve sucesso na contenção dos revoltosos e, por isso, recebeu o título de Conde de Caxias. A desarticulação entre os vários braços revoltosos da Balaiada e a desunião em torno de objetivos comuns, facilitou bastante a ação repressora estabelecida pelas forças governamentais.
Todos os negros fugidos acusados de envolvimento na revolta foram reescravizados. Manoel Francisco Gomes foi abatido durante o movimento de retaliação da revolta. Já o vaqueiro Raimundo Gomes foi expulso do Maranhão e, durante sua deportação para São Paulo, faleceu em uma embarcação. O líder dos escravos, Cosme Bento, foi preso e condenado à forca em 1842.
Por Rainer Sousa - Graduado em História

SABINADA (1837-1838)
A Bahia, desde o período colonial, se destacou como palco de luta contra a opressão política e o desmando governamental. A Sabinada foi um movimento que teve início entre as elites militares, médicas e jornalistas baianas, seu principal idealizador foi Francisco Sabino, médico e jornalista; entretanto, o movimento se destacou por ter grande participação das camadas populares.
Antes do seu desenvolvimento, um grupo de negros malês tentou conquistar a cidade de Salvador. Contudo, mediante a delação às autoridades, essa primeira revolta não se desenvolveu. Nesse segundo momento, liderados pelo médico Francisco Sabino Álvares da Rocha Vieira, os participantes da Sabinada se opsueram à mal resolvida questão da centralização política que se arrastava desde o início do Brasil Império.
Em 7 de novembro de 1837, o movimento conseguiu a adoção dos militares da Fortaleza de São Pedro. Contando com tal apoio, os revoltosos obrigaram o governador Francisco de Souza Paraíso a abandonar seu cargo. Logo após o golpe político, Sabino e seus comparsas decretaram a criação da República Bahiense.
Apesar de conseguir sua consolidação, o novo governo se instituiu em caráter transitório, até que o herdeiro do trono brasileiro, Dom Pedro II, chegasse à maioridade. No âmbito social, a nova república, criada em solo baiano, prometia conceder liberdade a todos os escravos que apoiassem o governo.
Em resposta ao movimento, o governo regencial nomeou um novo governador e organizou um destacamento de forças militares destinadas a dar fim ao levante. Após bloquear as saídas marítimas de Salvador, as tropas do governo iniciaram o ataque terrestre. Entre os dias 13 e 15 de março, as ruas de Salvador foram ocupadas pelas forças regenciais, que renderam os participantes da revolta.
Logo após a batalha, os líderes da revolta foram julgados, sendo que três foram condenados à morte e os demais à prisão perpétua. No entanto, as penas foram posteriormente abrandadas para o degredo em território nacional.
Por Rainer Sousa - Graduado em História

FARRAPOS (1835-1845)
Durante a regência, a questão da centralização política incitou a organização de diferentes revoltas que constantemente ameaçavam a unidade do território brasileiro. Na região sul, as elites pecuaristas se colocaram em um delicado confronto com o governo federal ao se revoltarem com a política fiscal promovida na época. Onerosos tributos eram cobrados sob a produção do charque, do couro e dos muares que representavam os principais gêneros exportados pela elite pecuarista gaúcha.
Na década de 1830, as autoridades do governo resolveram intensificar as cobranças sob tais gêneros com a criação de postos fiscais que garantiriam a cobrança junto aos produtores de charque gaúchos. Essa política adotada acabava beneficiando a entrada do charque uruguaio no mercado brasileiro, que diferentemente dos gaúchos, arcava com uma alíquota alfandegária bem menor. Insatisfeitos com essa situação, um grupo de grandes proprietários organizou um levante que derrubou o governador provincial em 1835.
O sucesso obtido na ação dos revoltosos – liderados por Bento Gonçalves – marcou a deflagração da Revolução Farroupilha, também conhecida como Guerra dos Farrapos. Primeiramente, os farrapos (assim conhecidos pelo lenço vermelho que tinham preso a suas vestes) dominaram a cidade de Porto Alegre e exigiram a nomeação de um novo presidente de província. No ano seguinte, em 1836, com a intransigência do poder central, os primeiros confrontos aconteceram entre os farrapos e as tropas oficiais.
Inicialmente, as forças de repressão conseguiram enfraquecer a ação dos farrapos promovendo a retomada da capital. Após a batalha de Seival, os farrapos demonstraram sua resistência ao proclamarem a criação da República Rio-Grandense, com sede na cidade de Piratini, e dirigida por Bento Gonçalves. Em resposta, os legalistas venceram a batalha de Fanfa, onde aprisionaram vários revoltosos, incluindo o presidente Bento Gonçalves.
Nos dois anos seguintes, os confrontos se alongaram e os farrapos ganharam o apoio de duas novas lideranças revolucionárias: o brasileiro David Canabarro e o italiano Giuseppe Garibaldi. Com o apoio destes exímios combatentes, os revolucionários conseguiram novas vitórias. Em julho de 1839, partiram em direção de Santa Catarina, onde conquistaram a cidade de Laguna e proclamaram o surgimento da chamada República Juliana.
Com o prolongamento do conflito, o governo designou o Barão de Caxias para conduzir as tropas da Guarda Nacional. Nessa mesma época, dissidências políticas e a crise econômica acabaram ameaçando as intenções dos revolucionários. De fato, nenhum dos lados desta guerra tinha condições suficientes para oferecer resistência. Com isso, o próprio governo optou em desmobilizar os farrapos atendendo a sua principal reivindicação: o aumento da taxa sobre o charque estrangeiro.
A partir de então, o Barão de Caxias começou a articular as negociações que, finalmente, encerrariam essa penosa guerra. Após serem derrotados na batalha dos Porongos, em 1844, os farrapos enviaram um grupo que negociaria secretamente a rendição das tropas insurgentes na capital federal. Em março de 1845, o tratado do Ponche Verde garantiu os interesses dos revolucionários gaúchos e a hegemonia territorial do império.
Por Rainer Sousa - Graduado em História

MALÊS (1937)
A revolta dos Malês pode ser compreendida como um conflito que deflagrou oposição contra duas práticas comuns herdadas do sistema colonial português: a escravidão e a intolerância religiosa. Comandada por negros de orientação religiosa islâmica, conhecidos como malês, essa revolta ainda foi resultado do desmando político e da miséria econômica do período regencial.
Com o deslocamento do eixo econômico-admininstrativo do Brasil para a região sudeste e as constantes crises da economia açucareira, a sociedade baiana do período tornou-se um sinônimo de atraso econômico e desigualdade socioeconômica. Além desses fatores, devemos também destacar que as prescrições religiosas incentivadas pelas autoridades locais promoveram a mobilização desse grupo étnico-religioso específico.
Anos antes da revolta, as autoridades policiais tinham proibido qualquer tipo de manifestação religiosa em Salvador. Logo depois, a mesquita da “Vitória” – reduto dos negros muçulmanos – foi destruída e dois importantes chefes religiosos da região foram presos pelas autoridades. Dessa maneira, os malês começaram a arquitetar um motim programado para o dia 25 de janeiro de 1835.
Nesta data, uma festa religiosa na cidade Bonfim esvaziaria as ruas de Salvador dando melhores condições para a deflagração do movimento. Naquela mesma data, conforme a tradição local, os escravos ficariam livres da vigilância de seus senhores. Entre os ideais defendidos pelos maleses, damos destaque à questão da abolição da escravatura e o processo de africanização de Salvador por meio do extermínio de brancos e mulatos.
Mesmo prevendo todos os passos da rebelião, o movimento não conseguiu se instaurar conforme o planejado. A delação feita por dois negros libertos acionou um conflito entre as tropas imperiais e os negros malês. Sem contar com as mesmas condições das forças repressoras do Império, o movimento foi controlado e seus envolvidos punidos de forma diversa. Apesar de não alcançar o triunfo esperado, a Revolta dos Malês abalou as elites baianas mediante a possibilidade de uma revolta geral dos escravos.
Por Rainer Sousa - Graduado em História